Taverna do Barba

- Um forasteiro...

Barba conhecia quase a cidade toda, por incrível que pareça, mesmo assim o velho pegou uma caneca de cerveja e colocou no balcão na frente de Kaloyan. Antes que o guerreiro pegasse a caneca, o taverneiro segura não deixando ele puxar.

- Em troca, dê uma olhada nisso aqui.

Barba aponta para um aviso de uma expedição na parede, um tipo de mural na taverna. Nela há um chamado para aventureiros, um antigo forte abandonado, o cartaz diz que quem participar do grupo de expedição pode ficar com tudo que achar dentro da torre.

- Considere essa caneca por conta da casa....dessa vez. Disse Barba, soltando a caneca.

Barba ri, batendo a mão no balcão, dizendo que iria lembrar de cobrar da próxima vez. Os outros clientes da taverna não dão muita bola.

O cartaz só convocava aventureiros que estivessem dispostos a uma expedição rumo ao antigo forte abandonado do próprio reino. Fica nos arredores do vale, onde o reino foi fundado, e após um longo período de guerra, o forte foi parcialmente destruído e abandonado.
O reino quer reativar o forte, e para isso chamou aventureiros para fazer o reconhecimento e varredura do local. Em troca, podem ficar com tudo que acharem dentro do forte, espólios da guerra que permaneceram intocados desde que o forte foi abandonado.

A expedição vai se concentrar e partir para o forte pela manhã: https://daemonrpg.forumeiros.com/t337-meio-do-vale#5518

Rasputina entrava no bar e se mantinha quieta a um canto tentando ouvir conversas que lhe interessassem. Ela buscava se concentrar e escutar para ir peneirando as conversas.

No meio de muitas conversas na taverna, a única que realmente chama atenção é que Kaloyan tem com o taverneiro, e alguns cochichos dos clientes sobre a expedição. Rasputina escuta que a torre foi abandonada após um ataque, e que ninguém chega perto do lugar, com medo das almas dos guerreiros que morreram durante a guerra.

"- Interessante, almas." Ela pensava. Ela agora queria saber mais. Para isso se dirigia ao balcão e pedia por uma bebida enquanto fica escutando mais sobre a conversa. Nisso ela vê o guerreiro pegar o cartaz, o que a impossibilita de ler. Assim que ela pegava a bebida seguia até ele.

- Desculpe guerreiro, mas o que diz ai? Perguntou ela ao guerreiro enquanto se aproximava pela lateral e lhe passava a caneca sorrindo com uma mão enquanto esticava a outra para o cartaz para poder ler ele rapidamente e gravar o que dizia. Ela meio que fazia uma troca rápida, um momento de quebra de concentração, só o bastante para ela conseguir passar os olhos pelo cartaz.

Rasputina sorria enquanto ouvia o que o guerreiro dizia e lia o cartaz.

- Espólios han... Será que as almas estão inclusas? Falou ela rindo.

- Não se preocupe tanto, não sou do tipo indefesa. E aposto que não serei a única. Falou ela devolvendo o cartaz ao guerreiro.

- E então partimos quando para lá? Aposto que se trabalharmos juntos conseguiremos mais espólios. Falou a feiticeira.

Rasputina seguia o garboso.

Kaloyan chegava na taverna causando alvoroço. Com uma das mãos repousadas sobre sua adaga de um lado e outra mão na sua espada embainhada ele caminhava com confiança até o centro da taverna. Era orgulhoso e gostava de contar os seus "feitos", queria chamar atenção, ficar famoso e, talvez, adqurir seguidores fieis para quando se nobilitar.

-EI SEU VELHO BARBUDO, ADIVINHA QUEM VOLTOU DA EXPEDIÇÃO? UMA RODADA DE BEBIDA PARA TODOS NA MINHA CONTA.

Dizia ele completando a promessa. Ele ia até o balcão e se sentava como um rei, batia contra o balcão algumas moedas.

-E isso é pela bebida que não pude pagar.

Ele cruzava os braços e esboçava um sorriso orgulhoso.

-No final das contas até que valeu a pena aquele trabalho, devo agradecer.

- HA HA HA, minha intuição nunca falha. Dizia barba com uma gargalhada alta.

As garçonetes começam a servir as bebidas aos cachaceiros da taverna, todos levantam os copos para Kaloyan, mas a maioria era de bêbados e civis. Pelo menos ele ganhou um reconhecimento hoje, mas nada grandioso ainda. O aventureiro que voltou do Forte amaldiçoado, ainda que a maior parte da fama tenha ido para Jason, que de certa forma foi o capitão da expedição por ser um nobre da cidade.

- Eu deveria ter me tornado aventureiro, acho que teria vivido melhor.

- Mas e agora rapaz, o que pretende fazer? Perguntou ao guerreiro.

-Sabe, existe uma coisa que odeio nos nobres atualmente. Muitos chegaram onde estão por questão de hereditariedade, poucos de fato merecem o título e todo o poder político e social que vem com ele.

Dizia Kaloyan se reclinando na cadeira.

-Muitos desses nobres gordos que só sabem comer e se sentirem superiores mal sabem que seus descendentes precisaram colocar a mão na massa para conseguirem seus títulos. Sabe? Quando se é um poderoso guerreiro e vitorioso na guerra o rei normalmente dá os títulos como recompensa pelos serviços prestados.

Ele olhava para o Barba.

-E esse o meu objetivo, eu estou cansado dessa vida de lixo, ao mesmo tempo que odeio a vida de lixo que muitos que carregam o sangue azul levam.

-Nobres devem ser aqueles que vão para guerra para morrer, para proteger seu povo e para honrar seus ancestrais que fizeram o mesmo e por isso estão onde estão.

Ele olhava para o Barba sério.

-Sabe o tal Jason ? Ele recebeu o crédito pela expedição embora tivessem outros ali. Pelo menos não parece do tipo que fica parado esbanjando títulos.


Kaloyan não sabia o que realmente fazer para atingir o que queria, mas sabia que seria difícil de qualquer forma.

-O método mais fácil seria casar com alguma donzela da nobreza ou algo do tipo e usar meus métodos para tomar o título da família, mas sou cavaleiro o bastante para não fazer isso. Eu quero conquistar um título, farei do modo mais difícil.

Barba se impressiona com a motivação, mas não tanto. O taverneiro imaginou que Kaloyan fosse só um aventureiro bêbado em busca de dinheiro para bancar a algazarra do próximo dia, mas essa motivação ele não esperava.

- Ou você pode buscar o que procura em outros reinos, sabe, Aurora e os reinos vizinhos são muito rígidos e clássicos com a nobreza, e dificilmente você conseguiria quebrar esses padrões, na verdade, quis dizer impossível hahaha Ele ria com sua voz grave.

- Vá em direção ao sudeste, Entre Rios, acho que vai gostar da vida lá, parece mais o seu estilo. Não há reis ou nobres, e a prosperidade das casas depende exclusivamente da habilidade de seus membros.

- Bem, é o que meu contaram. Só estive lá uma vez, a muito tempo. Completou.

-Faz pouco tempo que cheguei nesse reino, então não conheço muito as terras muito ao sul, na verdade eu sou do extremo norte, numa terra onde pessoas como nós somos pior do que lixo para os poderosos.

Dizia Kaloyan.

-Você entendeu em parte minha ambição Barba, mas apenas em parte... eu irei varrer este continente dessa escória.

Ele se levantava arrumando suas vestes.

-Tem uma galera da cidade a qual eu devo uma grana então vou fazer uma visita e partir, obrigado pelas informações velhote.

Ele então saía.